segunda-feira, março 29, 2010

SONETO DE AR

Elemento vital que nos permeia e afaga,
Desde o primeiro sopro ao último suspiro!
Entre silfos e zéfiros, nos sonda e vaga,
Mitologicamente, em poéticos giros...

Estás nas árvores, nas flores, na mansa vaga...
Na Praça do Ferreira, em erótico retiro,
A levantar as saias das mulheres "magas"
Que por lá passam, belas como a Vênus de Milus...

Tens a magia dos quatro ventos. A Leste,
A tua direção segue em constante este,
A despertar as mentes, o intelecto, a criação...

Sem a tua presença, (cinco minutos-dia),
Não haverá mais vida - a lúdica Poesia -
Para soprar em nós a chama da emoção...

Autor: J. Udine - 27-03-2010.

SONETO DE FOGO

SONETO DE FOGO.

És elemento primordial na Natureza!
És energia pura, plasma, não matéria.
A tua chama ardente é toda de Beleza,
Às vezes boa; às vezes de ação deletéria...

Estás no fósforo, nas bocas dos vulcões;
Nos lábios rubescentes da querida amada;
Nas cordas febris dos amantes corações,
Bem como crepitando ao som de mil toadas...

Estás dentro de nós - Fogo do Santo Espírito-
Que nos aviva nos mistérios do Senhor.
És luz perene do cristão - eterno grito

Que nos permeia e acende em nossos corações
A chama imorredoura do sublime Amor...
Ó fogo misterioso e ardente das paixões!...


(A.) J. Udine 25-03-2010.

SONETO DE ÁGUA

Precioso líquido advindo do Céu!
Enche mares e rios, potes e lagos;
E enche lagoas, mesmo caindo ao léu,
Trazendo Vida a tudo, com afagos...

A água que cai do Alto, em forma de chuva,
- "São lágrimas das pálpebras de Deus" -
Puras e límpidas, feitas de uva,
Para dar abundância aos filhos Seus...

Mas, oh, tristeza! o Homem destrói a tudo!
Polui a Natureza, fica mudo,
Insensível às coisas do Criador!

Meu Deus, permita-me neste Soneto de Água,
Deixar aqui expresso a minha mágoa,
Por esse ato insano e sem Amor!...


(A.) J. Udine - 23-03-2010.

SONETO DE TERRA

Terra - Mãe dadivosa - fruto do Criador,
És elemento sólido, onde a Humanidade
Sonha e delira no palco da Vida e amor,
Na paz com os outros reinos, em alacridade...

És Mãe misteriosa, de ventre esotérico.
Gnomos, duendes, ninfas, sacis, curupira...
- Mitológicos seres moram em teu ser feérico
Para serem cantados nas cordas da lira...

Em teu formoso corpo de mulher correm os rios;
Caem chuvas do céu, ofertando arrepios
Às alma dos poetas; vagam os mares, dormem os lagos...

Para o eclodir de idéias e fulgor de sonhos,
Nessa Terra-Mãe, de útero e úbere risonhos,
Que, um dia, há de nos velar, inertes, em afagos...



Autor: J. Udine - 28-03-2010.

TEUS CABELOS...

Eu quero me perder em teus negros cabelos...
E neles navegar nas ondas do teu mar
Ardente, pleno de paixão e grã-apelos,
Como um nauta feliz que ao mar deseja amar...

Fico feliz em tocar teus lindos cabelos...
Eles são teias que me prendem ao sonhar
Do teu corpo, do qual dedico mil desvelos...
Em meu idílio de amor de eterno cismar...

Oh, morena, quão doces são os teus cabelos,
A bailar nesse teu rosto encantado e belo,
Que tanto me seduz, e contenta, e fascina!

Diva dos sonhos, prende-me em tuas madeixas;
Fazes de mim o que quiseres, e sem queixas,
Naufragarei em teu mar, que me banha e alucina!


Autor: J. Udine - 28-03-2010.

quarta-feira, março 24, 2010

CRAQUE versus CRACK.

CRAQUE versus CRACK.


Quem é craque não deve usar o crack,
Quer na vida em geral, quer no futebol!
Craque que é craque ouve o som do traque,
Dos fogos, feliz, nos jogos de escol...

Craque não pode ser craque de araque...
Há de ser uma estrela de crisol,
De postura ilibada, usando fraque,
Para merecer um lugar ao Sol...

O Crack vem de segunda a domingo
Preencher de "pedra" cada cachimbo
Do incauto craque que já está viciado...

Os atores, cantores, jogadores...
(Como protagonistas dos horrores)
Usuários são de vícios e pecados...


(A.) J. Udine - 23-03-2010.

Santo-daime.

Senhor, só a Ti eu procuro e quero.
Que eu não busque encontra-Te na ayahuasca.
Não quero estar com a mente entorpecida
Para entrar em harmonia Contigo!


Quero buscar-Te com o coração puro!
Com a mente sã, livre de artifícios.
O santo-daime, não dá-me, Senhor!
Quero ir aos teus braços sem sacrifícios...


Que eu não Te busque nas superstições,
Ó Deus, nas lendas, nas ervas da Amazônia;
Mas que eu Te encontre no Santo dos Santos,
No Teu santuário, onde a Paz se sonha...


Não preciso de drogas para Te encontrar!
Basta entrar no meu quarto, (já fechado),
E orar a Ti, conjugando o Verbo-Amar,
Para sentir-me feliz, e por Ti, amado!

(A.) J. Udine - 24-03-2010.

[purple]Nota explicativa: Ayahuasca é a mistura de duas ervas de origem amazônica. Esse chá é usado no ritual religioso da igreja santo-daime. Segundo estudos, ele pode causar euforia, excitação e alucinação. A igreja do santo-daime é uma mistura de cultura indígena com a fé cristã. Raimundo Irineu Serra (ex-seringueiro) foi o fundador dessa doutrina, no Acre, Brasil (1892-1971). O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas reconhece a legitimidade do uso religioso do chá. Essa droga pode ter provocado o crime que culminou com o assassinato do cartunista Glauco e de seu filho. Dados colhidos na Revista Época nº 618, de 22/03/10, na reportagem sobre o assunto às fls.92/100.

sábado, março 20, 2010

IMAGINANDO O FUTURO.

Diante do  mundo hodierno, ponho-me a pensar...
Quanto terror, quanta violência e insegurança?!...
Meu Deus, ó meu Senhor! -  o que há com  o Verbo Amar?!
Por que reina entre nós morte e desesperança?!


Serão os sinais dos tempos? Como sonhar
No tresloucado mundo cheio de  vingança,
Corrupção, desamor? Resta-nos amargar
O sofrimento e a dor sem perder a Esperança!


E o futuro, Deus? - Sinto ares apocalíticos...
Já antevejo os espectros negros paralíticos:
Miséria... terremotos...fome... tufões...Morte...


Volve,ó Pai, Teu olhar clemente para nós!
Que bem possamos escutar a Tua voz,
Sem medo no futuro, pois Tu és nosso Norte!..


(A.) J. Udine - 20-03-2010.

TEUS SEIOS...

Teus seios são dois pomos sazonados:
Lindos, de rósea cor, entumescidos...
Quando os toco não há quaisquer pecados,
Porque, no amor, há sonhos renascidos...

Teus seios, oh!-, amada, são encantos,
A cálida ternura, sem ruídos,
Onde adormeço em paz e escuto os cantos
Das aves maviosas, sem alaridos...


Eles são dois faróis em teu corpo belo:
Luzes brihantes a que tanto anelo,
Numa ânsia louca de incontentado amante...

Com eles sou nauta a desvendar os mares;
Sou poeta de estrelas e luares
E o amante do teu corpo velejante...


(A.) J. Udine - 13-03-2010

sexta-feira, março 19, 2010

PALAVRAS DE AMOR PARA UM FUTURO MELHOR.

Vou semear palavras de amor nas pessoas,
Dentro dos corações daqueles que amam a Vida!
Serão frutos de bênçãos - chuvas de garoas -
Para trazer a paz às almas nesta lida!

Vou semear palavras para um bom futuro!
Do passado e presente do tempo, direi:
"Amigos, quero dar-lhes um quintal sem muro,
Um risonho porvir, pleno da excelsa Lei".

Ouçam as minha palavras que refletem a Luz:
Sou humilde discípulo do Bom Jesus,
Àquele que, na Cruz, nos trouxe a Salvação!...

Irmãos, observem e ponham em prática o que lhes digo!
Pois, não receberão de Deus o vão castigo,
Mas a Misericórdia, o Amor, Seu galardão!...


(A.) J. Udine - 19-03-2010.

quinta-feira, março 18, 2010

HAICAIS.

Morte.


Fim de trajetória.
Cúmulo é viver no túmulo
na matéria inglória.


Deus Uno e Trino.

Real Sol de Amor
em trinos raios divinos
De um mesmo fulgor.


Eucaristia.

À Mesa do altar
o Cordeiro manso e ordeiro
vem nos saciar.


Saudade.

Doce dor que arde
sem remédio para o tédio
no final da tarde.


Noite sem luar.

A Lua apagada.
Estrelas tentam acendê-la:
canção embargada.

(A.) J. Udine.

quarta-feira, março 17, 2010

0 POEMA.

Por que existem os poemas nas almas dos poetas?
Por que eles os põem sobre o alvacento papel,
Com tênues linhas retas... tortas... mas ecléticas?
O quê os movem a escrever, em grosso ou a granel,

O que se lhe passa na alma, em necessidade?
Será por força infinda, impulsiva ou extrema?
- Sim. Como poeta, vejo tudo em claridade:
Cada poeta traz em si potencial poema,

Quer no silêncio da solidão ou da chama
Que o consome...O poeta gira em pensamentos
Qual lúcido avatar que assumira a forma humana...

O poema, sempre há de sobrevir na Poesia,
Por manifestar-se ao poeta, aos quatro ventos,
O Seu fértil lirismo - carta de alforria!



(A.) J. Udine - 28-02-2010

FALE MAIS DE AMOR.

Fale mais de amor.
Pois a vida só vale ser vivida
Quando se imita a flor,
Que exala seu perfume toda a vida...

Fale mais de amor.
Ponha doçura no seu coração;
Arranca de sua alma o vil rancor,
E vem ser para mim doce canção...

Por favor, pequena,
Seja como a açucena:

Seja meiga e pura.
Vem a mim sem amargura...

E, por favor, fale-me mais de amor...
Só de amor, amor, muito mais de amor...


(A). J. Udine.

BY Márci@

segunda-feira, março 15, 2010

FASCINAÇÃO

Tudo em ti me fascina e dá prazer.
Na geografia do teu corpo belo,
Sempre encontro paisagens que eu anelo,
Que me fascinam no meu bem-querer...


Os teus encantos são tantos, morena!
És oásis de frescura e de bonança,
Com a tua alma cheia de esperança
Que me sacia numa paz serena...


És, sim, fascinação na minha vida!
A minha eterna colina verdejante,
De clima ameno e águas benfazejas...


Onde repouso antes e depois do amor,
sob a ternura do calor constante
Que do teu corpo flui, e tudo enseja!

(A.) J. Udine - 15-03-2010.

domingo, março 14, 2010

DE BELEZA EM BELEZA...(Dia da Poesia)

De beleza em beleza ressurge a Poesia!
Quanta beleza no Universo e Natureza!
Céu, astros, luzes, sol, lua e estrelas em harmonia...
Refletem do Criador a Sua excelsa grandeza!

A beleza dos mares, rios e cascatas...
A beleza dos lagos...das imensas florestas...
Dos jardins e dos pássaros das verdes matas...
Oh, Deus meu, que beleza, que luzes, que festas!...

Tudo que há: animais, os insetos e as flores,
A Ti, ó grande Deus, cantam eternos louvores
Pela beleza que nos dá em perfeição!

De beleza em beleza surge a Epifania
Do Teu olhar repleto de doce Poesia,
Que me traz paz e beleza ao meu coração!

(A.) J. Udine - 14-03-2010.

segunda-feira, março 08, 2010

TEU SORRISO...

O teu sorriso é franco, belo e encantador!
É como um lindo pôr-do-sol na tarde azul...
Nele, eu pressinto e vejo a cor do teu amor,
Tal qual se fora um arco-íris no céu de Istambul...


O teu lindo sorriso é luz em esplendor:
Em teu semblante emerge o amor-fascinação...
Teus olhos, tua boca...tudo exala amor,
Alegria, afeição, quietude e paixão!


Teu sorriso é um convite para a ceia do amor...
Teus lábios, entreabertos, rubros de calor,
São brasas vivas e sensuais para mim


Que por ti sonha transbordando de desejos
Para sentir-te por inteira, entre beijos,
E nos braços do teu eterno querubim...

(A.) J. Udine - 07-02-2010.

domingo, março 07, 2010

A MULHER É...

A flor que nos perfuma e que nos ama.
A luz que nos aquece e ilumina.
A canção mais bela que nos anima.
O fogo que nos queima e nos inflama.


A paz que nos refaz e nos consola.
A lua que nos deixa em devaneios.
O amor que perdura em nossos enleios.
A música que soa ao som da viola.


A fonte do amor em luz e inspiração.
O mar imenso que nos refresca e banha.
A gata manhosa e cheia de manha.
A alma inquieta em erupção.


A abelha que nos traz o doce mel.
A ave em pluma que nos aquece em seu ninho.
A mão que nos afaga com carinho.
A estrela que nos brilha lá do céu.


O ventre que gerou a nossa vida.
O seio que a amamenta na ternura.
A mulher que se transforma em candura.
O beijo que suaviza a nossa lida.


A Mulher é o nosso barco forte;
É a que nos conduz às praias do amor
Para nos aquecer em seu calor
De ternura, em seu seio, nosso norte...


A Mulher é tudo isso e muito mais.
Em seu seio há inefáveis segredos:
Basta amá-la sem restrições e medos,
Para se obter um mundo de amor e paz!

(A.) J. Udine - 06-02-2010

"TODO DIA É DIA DA MULHER" (A pedido, na voz feminina).

A cada dia louvo a Deus por ser Mulher!
Logo, ao romper da aurora, sinto-me feliz,
Porque não sou uma coisa inútil e qualquer:
Sou obra prima do Criador, que sempre me quis!

Foi do ventre sagrado da Virgem Maria
Que nos nasceu Jesus - O nosso Salvador!
Em todas as mulheres existe Poesia,
Porque nelas há o traço da Mãe do Senhor!

Para mim, "Todo dia é dia da Mulher!"
Sou mãe, esposa, amante, lírica, amorosa;
Sou como uma linda flor, uma perfumada rosa

Que Deus colocou neste mundo para amar,
E gerar filhos para a glória do Verbo-Amar...
Sou feliz por mulher ser e como Deus quer..
.

(A.) J. Udine - 05-02-2010.

SONETO DO AMOR PERFEITO.

Se tu sonhas, ó amiga, um amor perfeito,
Não o procure numa simples flor...
Porque assim ele será imperfeito:
Logo ao murchar, perderá seu olor...

Se tu sonhas, ó amiga, um amor perfeito,
Não o procure sob teu bel sabor;
Antes, retira o ciúme do teu peito,
E, contrita, te curvas ao Senhor!

Na Rocha Viva está a Perfeição:
O Amor ultra-divino da Criação
A resplandecer em eterna Luz!

Só em Cristo encontrarás o Amor Perfeito:
Une-te a Ele; tu és Seu eleito;
Por ti, Jesus morreu na fria Cruz!


(A). J. Udine. - 03-02-2010

LOAS À MULHER - (Em homenagem a todas as mulheres do mundo)



Ser mulher é ser uma flor de carne-e-osso:
Bela, fértil, sublime, terna, carinhosa...
A exalar a fragrância mais suave e perfumosa,
Na sua essência de vida no amor . Colosso

Fundamental e indispensável à Vida - poço
Inesgotável de ternura e paz bondosa
Como mãe dedicada e esposa voluptuosa...
A Mulher foi desenhada por Deus, esboço

Divino da Criação para ser luz e Poesia,
A exemplo da Santíssima Virgem Maria,
A escolhida (em Deus), entre todas as mulheres...

Ser mulher é ser flor de sangue, na ternura,
Na sensibilidade - a mais doce criatura
Que nos conforta em seu amor rico em quereres...


(A.) J. Udine - 04-02-2010.

sexta-feira, março 05, 2010

JOSAFÁ, O Poeta Musical (In Memoriam)


Nosso amigo JosaFÁ,
O Poeta Musical,
Traz no nome a nota "FÁ"
Para o canto universal...

Dó - Ré - Mi - Fá - Sol - Lá - Si
São as notas musicais...
O vate pautava em si,
Em claves seus madrigais...

Entre a Música e a Poesia
Há completa simbiose:
Se uma canta, a outra assovia,
E tudo flui sem nurose...

Assim era JosaFÁ,
O Poeta Musical,
Que ora, no Reino de Alá,
Canta o seu verso eternal.

Mas, das notas musicais,
Ele deixa a triste "dó"...
Na pauta dos nossos ais,
A tristeza nos faz pó...

Mas fitemos o arrebol
Ouvindo um "Fá sustenido"
Em lindo "Sol bemol",
Pois nem tudo está perdido...

(A.) J. Udine.
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JOÃO DO PULO ( Nosso maior atleta do salto tríplice)


O atleta
O salto
O sonho.

O herói
O recorde
A consagração.

A fama
O dinheiro
A política.

O carro
A batida
A amputação.

O homem
A cadeira
A prisão.

O álcool.
O abandono
A depressão.

A doença
A resistência
A luta

O leito
A dor
A solidão.

À noite
O último
Salto triplo.

Contempla cena
Da realidade:

O mito
O pó
A Eternidade...


(A.) J. Udine.

PERFUME DE PALAVRAS.

Cada palavra tem o seu perfume
Branca flor que se veste de negrume.

Cada palavra tem o seu matiz
Quando triturada no almofariz.

Cada palavra tem o seu amplexo
Sem distinção de raça, cor e sexo.

Cada palavra tem o seu condão
Harpa que tange nosso coração.

Cada palavra tem a sua esfinge
Desde quando passa pela laringe.

Cada palavra tem o seu mistério
Na lápide de qualquer cemitério.

Cada palavra tem suas raízes
No rio pantanoso das matrizes.

Cada palavra há de ser um teorema
Quando se insere dentro do poema.

Cada palavra tem o seu perfume
Na intermitente luz de um vagalume.


(A.) J. Udine.

SONETO AO POETA NEGRO (Cruz e Sousa)

Imenso Cisne Negro, de alma branca,
De Canto caloroso, colossal...
Há no teu peito rígida alavanca
Com a qual ergues a lâmpada abissal.

Qual um titã, mergulhas, sem retranca,
No turbilhão, que agita o teu fanal.
Entre giros de luz não se desbanca
O aroma do teu ritmo musical...

O teu dolente Canto, triste, erótico,
Flui do teu sangue sem mescla, de escravo...
Que ainda se impõe forte, complexo e exótico,

Por teres corpo e alma simbolistas!
Mas se a vida te moldou como ignavo,
A Musa te contempla com conquistas!


(A.) J. Udine.

REGRESSO AO PATERNAL ABRIGO.

Volto à casa do arcano nascedouro
De ocos telhado, portas e janelas.
Um áspero sol queima, da cor do ouro,
O chão, - leito de folhas amarelas...

Da solidão do vívido tesouro
Ouço o cantar de vozes tagarelas...
Minh'alma cala, e sangra, e arde em choro,
Ao incensar ancestral de acesas velas...

Do silêncio plangente das paredes
Há horizontalidade da saudade
No balançar invisível das redes,

Onde ubiquos fantasmas sonhadores
Tecem prece, à luz da Eternidade,
Sob o lento ranger dos armadores!...


(A.) J. Udine.

SONETO DE ADEUS.

Devo dizer adeus! Assim partindo,
Longe de ti, respirarei a Paz
Suavíssima da Luz, que virá fluindo
A ponto de me deixar firme e capaz!

Devo dizer adeus! Tua fragrância
Me traz o odor do amor dissimulado,
Que o aspiro quase sempre na inconstância
Do meu ser, quando oscilo em meu pecado...

Devo dizer adeus, Ó grande Deus,
À flor que em mim pousou como uma estrela
Com a sedução dos mil encantos seus...

Mas preciso, Senhor, de força e Luz:
Dá-me, então, fortaleza p'ra esquecê-la,
E o brilho da presença de Jesus!


(A.) J. Udine. 30-11-2008.

O SURFISTA.

Sobre as ondas do mar encapelado
Ele tira "ondas" com as ondas do mar...
O mar bravio, de cólera avermelhado,
Sacode as ancas de espumas ao ar...

O hídrico cavalo faz-se indomado,
Espumando seu grito de avatar,
E o surfista intrépido - deus alado -
Voa ao vento com as ondas do mar...

As ondas crescem - espumas gigantes -
Enlouquecidas pelos ventos fortes,
Apontando ao céu seu golpe fatal...

Pés na prancha, giros mirabolantes,
O surfista driblas as ondas e a morte,
Nesse folguedo que é o seu fanal.


(A.) J. Udine.

VOLTA.

Desde quando partiste, vivo ao léu,
Envoltou na mais triste solidão.
Já me falta o calor de doce céu
Dos teus beijos ardentes de paixão!

Desde quando partiste, só o vazio
Toma conta de mim. Sou como o leito
Tortuoso e ressequido de um rio
Sem vida, sem alegria, e sem direito

De haurir das águas eternas do mar...
Assim, querida, vem restaurar em mim
O ânimo de viver, sonhar e amar...

VOLTA, pois, amor, que eu prometo amar-te
Com a força ingente de um amor sem fim:
Nesta Vida ou no Céu...E em toda parte!


(A.) J. Udine. 28-11-2008.

OS GATOS.

Nas manhãs, os gatos
Espreguiçam-se ao sol,
Num ritual ancestral
De manhas e de atos.
À noite, à luz do luar,
Vagam pelos telhados e muros
Instintivamente a farejar,
No erotismo das retinas,
A libido das fêmeas...
Seus olhos incandescentes
São setas incendiárias
Que se cruazam entre si
Para a cópula da noite.
Após longa espreita,
A consumação do ato:
Entre gritos histéricos
De dentadas e gozo
O sexo da parceira,
Sob os raios do luar,
Arde iluminado
Para ser fecundado
No ventre da noite...

(A.) J. Udine.

CATALEPSIA.

Morto, aparentemente, no caixão,
Jaz o homem. No velório, à luz de velas,
Há pessoas no pálido salão
Como se fossem ascas sentinelas...

Ouve-se choro; escuta-se oração
Ao pranteado morto...duas janelas,
Abertas,  mostram a fria escuridão
Da noite e suas lúgubres sequëlas.

Catalepticamente dorme apenas
O morto-vivo...Inerte e sonolento
Sente o fim sob o aroma das verbenas...

Escuta vozes sem poder falar...
Mas é tarde demais..P'ra que lamento?
Se só lhe resta o corpo sepultar!...


(A.) J. Udine.

SONETO PARA ZUMBI DOS PALMARES.

ZUMBI - mártir, herói, libertador!
ZUMBI ousado, varonil , guerreiro!
Teu sangue escravo, heróico e sonhador
Foi luz para o Brasil e o mundo inteiro!

Ó ZUMBI dos Palmares! com ardor,
Lutaste em prol dos pares quilombolas,
Os teus irmãos de sangue e negra cor,
Livrando-os da escravidão e degola

Do então Brasil Colonial, em voga.
Liderast o teu povo à Liberdade,
À liça, qual um juiz que honra a toga...

ZUMBI da Consciência Negra ativa:
O teu exemplo de civilidade
Nos traz orgulho e força rediviva!


A.) J. Udine -dia 20/11/08 - 

(Dia Nacional da Consciência Negra).

POR QUEM DOBRAM OS SINOS?

A Igrejinha pacata, lá na serra,
Faz repicar os sinos langorosos...
Quem os escuta, assim, na fria terra,
Exibem os olhos tristes, pesarosos...

Ao seu soar plangente, tudo encerra:
Há tristeza e dor nos olhos chorosos
Dos que ficam, a sós, sem primavera,
Derramando-se em prantos amorosos...

E os sinos, badalando, vão deixando
Em cada coração um triste encanto
Que, em oração, aos céus, vão se elevando...

E quanto aos mortos, em profundo sono,
Talvez escutem seu funesto canto
A bimbalhar no mesmo som uníssono.


(A.) J. Udine.

CAVALGADAS UTÓPICAS.


Vou cavalgar no meu sonho de infância

Cavalo-de-pau que traz esperança.

Vou cavalear no dorso da insônia
Para a noite toda pensar na sônia.

Vou cavalgar em todos os cavalos
Dos heróis do passado com seus halos.

No indócil Bucéfalo vou montar
Para vencer as guerras de além-mar.

Vou galopar na égua do faraó
Conduzindo na garupa minha avó.

Vou adentrar no cavalo de Tróia
Para reconquistar a fina jóia.

Vou cavalgar no Pégaso voador
À procura do meu Deus e Senhor.

Vou cavalgar o imaginário Centauro
Para encontrar a metade do Mauro.

Vou galopar de modo alucinante
No dorso do cavalo Rocinante.

Vou trotar no cavalo do rei Átila
Para colher os ossos vis da cáfila.

Vou montar no branco de Napoleão
Para vencer a negra corrupção.

Vou cavalgar no alazão do meu pai
Para escutar nas matas o seu ai.

Vou cavalgar no cavalo marinho
Para encontrar no mar meu roto linho.

Vou cavalgar no cavalo-vapor
Para sentir o calor do meu amor.

Cavalgar é preciso neste sonho
Cada ginete em minha alma ponho

Nessa infância que se faz carrossel
A girar dentro de mim feito um céu...


(A.) J. Udine.

SONETO À MULHER VESTIDA DE LONGO.

Vejo-te, assim, vestida com pudor,
Nesse teu vestido longo de donzela...
Como se fora a Mãe do meu Senhor,
Àquela entre as mulheres a mais bela!

Vejo, então, em teu rosto, a luz do amor
A se espargir em luz, pela janela,
Um sol imenso a irradiar calor,
Tão belo quanto às cores da aquarela...

Tua imagem nos traz real candura
Por ocultar em ti a realeza,
Nesse teu perfil de virgem criatura!

Louvo o vestido, que anula a nudez,
Nesse teu corpo de jovem princesa,
O qual contemplo de primeira vez!...


(A.) J.Udine.

A MOÇA LUNÁTICA.

A Lua no céu brilhava
Na noite calma e divina...
Em seu leito ela sonhava,
A moça de triste sina.

Junto ao mar ela gozava
Do doce encanto da Lua.
E, assim, horas passava,
Fitando-a, na praia, nua...

Uma nuvem feiticeira
Dessa que ofusca o amor
Não se fazendo ligeira
Da Lua se enamorou...

Por não vê-la mais brilhar
(A Lua que amava tanto),
A moça pôs-se a chorar
No mais sufocante pranto...

Suas lágriamas, brilhantes,
Foram caindo na areia...
Um lago, em breves instantes,
Refletia uma lua cheia...

A jovem alucinada,
Hesitante, muda, ao léu,
Olhou o céu, não viu nada...
A não ser um negro véu...

Depois, triste, olhou o chão,
Sem ver o encanto dourado...
Um grito de morte, então,
Fez seu coração gelado...

Em seu leito de hospital
Onde seu sonho findou,
Seu par de olhos, tão negros,
De Lua se matizou...


(A.) J. Udine.

TUAS MÃOS (Dedicado à querida esposa)

Tuas lindas mãos de fada
Têm o brilho das estrelas.
Com muito amor e ternura
Minhas mãos querem envolvê-las...

Quero senti-las em prece
Envolta em branca luz...
Clamando as bênçãos divinas
Das mãos santas de Jesus.

Tuas mãos, tão dadivosas,
Semeiam a Paz no lar:
Cheias de flores e rosas
O nosso amor faz brotar...

És esposa virtuosa
E fiel como ninguém.
Deus coloca em tuas mãos
Toda a Paz e todo o bem!

Tuas mãos postas em prece
No silêncio de quem ora
De tão contritas e belas
Lembram as de Nossa Senhora!


(A.) J. Udine.

Bodas de Pérola (Dedicado à minha esposa)

Nosso amor vai navegando
Pelo grande mar da vida...
Porém tu, nave querida,
Cada vez me conquistando

Trouxe-me a paz verdadeira...
Um valioso colar,
Quero muito te ofertar,
Nesta noite alvissareira...

Um colar de trinta anos,
Que são pérolas do tempo,
Que construiu nosso templo,
O qual, hoje, contemplamos...

São as pérolas do amor,
Do amor imorredouro,
Feito de bênçãos de ouro,
Que o Senhor nos ofertou!

São trinta pérolas do mar,
Trinta pérolas de beijos,
Cheios de ânsias e desejos,
Que teimam em navegar...

E, assim, nós dois seguimos,
Ao lado de três tesouros,
Dos nossos filhos de ouro,
Pelos quais nós existimos...

És a nave, o barco forte,
A deslizar, bem seguro,
Rumo ao porto do futuro,
Em busca do nosso norte...

Um norte pleno de Luz,
De paz, amor, salvação,
De fé e adoração,
Ao nosso Cristo Jesus!

Obrigado, meu Senhor,
Pela bênção perolar,
Que tu vens nos ofertar,
Neste dia de louvor!

Seguimos, sem desdouro,
Pelo imenso mar da Vida...
Atrás da data querida,
Das nossas Bodas de Ouro...

Se assim, Deus consentir
E nos der essa vitória,
Louvarei o Deus da glória
Por todo o meu existir!


(A.) J. Udine. março/2008.

terça-feira, março 02, 2010

O VELHO RELÓGIO DE PAREDE.

No casarão sombrio e abandonado
O velho relógio de parede
Já não marca as horas do tempo.
Já não caminha com o tempo
De cada segundo
De cada minuto
De cada hora.
O velho relógio
De oxidadas engrenagens
Parou de vez
Na meia-noite do tempo...
Agora, é marcado,
Tão-somente
Pelo próprio e implacável tempo...
No silêncio de suas pancadas,
Abandonado na parede da sala
Traz consigo
As maquiagens do Tempo-Átila:
Poeira
Ferrugem
Mofo
Teias de aranha...
E por não mais marcar o tempo
O tempo fez-se nele
O próprio tempo...

(A.) J. Udine.

MULHER: PRESENTE DIVINO.

Se não existisse a mulher
O que seria do homem?
- Quem sabe um lobisomem
Ou outro bicho qualquer...

Portanto, viva a mulher!
Esse ser maravilhoso
Que sempre deseja e quer
Um parceiro para o gozo...

Nela, o homem se completa:
De feliz se faz poeta
Para cantar o seu amor...

Na efusão da doce lira
Paz e amor se tornam pira
na força do Criador!


(A.) J. Udine.

O BEIJA-FLOR.

Pássaro pequenino dos amores,
Que voas Feliz em busca da emoção...
Osculando nos galhos ternas flores
Com teu bico irriquieto da paixão...

És romeu, um dom juan dos jardins,
Sedutor no beijar de flores mil,
Que, ávidas, te esperam: rosas...jasmins...
Inebriadas por teu amor febril...

Com o ruflar veloz das asas tuas,
Energizas de amor o coração,
Que, de amor, pulsa a essas formas nuas...

Pois, na entrega do pólen virginal,
Cada flor, na volúpia da paixão,
Abre-se toda ao teu amor sensual...



(A.) J. Udine - 2008.

SONETO PARA OS OLHOS DA MENINA.

Ouço canções nos olhos da menina!
De tão belos e azuis cantam de amor!
Criança linda, teu olhar ensina
E refrigera a mais cruenta dor!

Contemplar-te-ei, assim, doce bonina!
No teu cândido rosto há o palor
Dos teus sonhos, quiçá de bailarina,
A dançar em mim com arte e calor!

Vejo teu olhar de céu no oceano
Largo, que se azula além do horizonte...
Suavizando-me a dor, e o desengano...

Enfim, meu anjo, tu és a minha estrela,
A paz que emana da mais pura fonte
De amor...Mas, oh,Deus! Eu temo perdê-la!...


(A.) J. Udine.

AS ESTRELAS.

Busco lindas estrelas lá no céu,
No céu de manto escuro, sem luar,
E o firmamento, em calmo e suave véu,
Mostra miríades delas a brilhar.

Inefável momento apraz em vê-las,
Cintilantes na noite, na amplidão...
Oh, quão belas são as áureas estrelas,
Que pontilham de luz a escuridão!

Nessa contemplação fenomenal,
Viajo o cósmico mundo dos amores
Cheio do enigma que permeia o astral...

E, no vislumbre dessas visões belas,
Os meus olhos, à luz dos seus fulgores,
Adormecem de amor por todas elas...



(A.) J. Udine.

AS BORBOLETAS

De ásperas lagartas as borboletas
Surgem, aladas, leves, coloridas:
Azuis, douradas, verdes, violetas,
Nas matas e jardins das nossas vidas!

Lindas, esvoaçantes, bailam nos ares,
E, de vez em quando, pousando em flores,
Num abrir e fechar de asas, nos pomares,
Beijam com as antenas seus amores!...

Com essas formas belas e graciosas
Matas, rios, cascatas e jardins
Formam painéis nas manhãs luminosas...

E a Terra em luz, sempre fogosa em vê-las,
Brinda a manhã com pompas e clarins
Para essas irmãs gêmeas das estrelas!


(A.) J. Udine 

SONETO ROMÂNTICO

A pálida mulher dos meus amores
Passeia nos meus sonhos como a Lua:
Vestida de nuvem mostra, em fulgores,
Toda a beleza dissipada e nua!

Como tocá-la, sentir seus olores,
Se tão distante está? A fria rua,
Calada e negra, alheia às minhas dores,
Ousa expulsar-me da calçada sua...

Em delírios românticos de amor,
Vejo a mulher, que idealizo e sonho,
Envolta em nuvens densas de calor...

Com o poeta romântico (de outrora),
Toda a minha esperança ponho...
Nessa intocável e gentil senhora!


(A.) J. Udine.

VALE A PENA VIVER

Vale a pena viver: a Vida é Bela!
Por isso, hei de sorrir sempre feliz.
Quero construir mais e mais janelas
Para fitar o céu que sempre quis.

Vale a pena viver, ouvir a voz
De Deus, que clama em nosso interior:
- A voz de Paz que nos liberta do algoz
E nos conduz às delícias do Amor.

Vale a pena viver. A Vida é Bela!
Jamais hei de pensar na negra Morte,
Que se faz feia, asquerosa e banguela...

Vale a pena viver: A Vida é Luz!
E por ser bela, eterniza-se forte,
No Céu, nos braços ternos de Jesus!


(A.) J. Udine