sexta-feira, março 05, 2010

SONETO AO POETA NEGRO (Cruz e Sousa)

Imenso Cisne Negro, de alma branca,
De Canto caloroso, colossal...
Há no teu peito rígida alavanca
Com a qual ergues a lâmpada abissal.

Qual um titã, mergulhas, sem retranca,
No turbilhão, que agita o teu fanal.
Entre giros de luz não se desbanca
O aroma do teu ritmo musical...

O teu dolente Canto, triste, erótico,
Flui do teu sangue sem mescla, de escravo...
Que ainda se impõe forte, complexo e exótico,

Por teres corpo e alma simbolistas!
Mas se a vida te moldou como ignavo,
A Musa te contempla com conquistas!


(A.) J. Udine.

Nenhum comentário:

Postar um comentário